terça-feira, 4 de junho de 2013

"Os mortos que me desculpem mas hipocrisia é fundamental".


Do grego: hypokrisia. S.f. Particularidade ou modos do que é hipócrita; falsidade. Ação ou efeito de fingir; esconder os sentimentos mais sinceros; inventar ou dissimular.Característica daquilo que não é honesto: a hipocrisia do discurso. Hábito que se baseia na demonstração de uma virtude ou de um sentimento inexistente.

“Este povo me honra com os lábios mas o seu coração está longe de mim”.  Este trecho de Marcos 7:6 define perfeitamente hipocrisia ao explicitar a dissociação ato-mote existente em várias situações cotidianas. Isso nos leva a refletir sobre o quão verdadeiras são nossas relações sociais diárias, nos levando a crer que, ao longo de nossa existência, em poucos momentos nos aproximamos da verdade, vivendo, ainda hoje, à custa de nossas sombras.

Viver é se relacionar, ou seja, a motivação das relações interpessoais é a própria condição humana. Porém, na maioria das vezes que nos expomos a um contato distorcemos o porque de tal atitude ou sentimento naquela interação. Amamos nossos familiares por tudo o que nos forneceram  e não porque simplesmente amamos, admiramos nossos professores pelo que representam para cada um de nós e não porque superam o egoísmo tentando transformar aprendizes em mestres. Ajudamos nossos amigos porque são nossos amigos e não porque somos capazes de ajudar alguém pelo simples fato de tornar a vida de qualquer pessoa melhor. Esses exemplos servem para instigar a reflexão sobre nossas verdades, as verdades “id” , as verdades que suprimimos. Fazemos isso talvez por não sermos capazes de conviver com tais verdades, ao chegar a conclusão que nós somos “capitalistas” na essência, que vivemos um escambo de sentimentos e atitudes, que amamos por não conseguir conviver com a ideia de odiar, que odiamos por não conseguirmos amar, que ensinamos por “status” e não para salvar alguém do abismo intelectual, que clinicamos por dinheiro, por satisfação pessoal e não por tirar a dor de alguém. No momento em que a luz da verdade nos atinge, somos o obstáculo.

Assistimos felizes o teatro de nossas sombras. A hipocrisia passa a ser o portal para a libertação do ser humano, gostamos de poder mudar o espetáculo de acordo com o que nos convém, aliás, é necessário ser “ipocrita”, ser “umano”, ser “h” impronunciavel como nossa essência, como a verdade absoluta. É imprescindível protagonizar a peça dos nossos reflexos, caso contrário, viver não seria possível .

A morte, portanto, figura como a verdade mais absoluta, a saída mais louvável, pois, de fato, não trai nossa essência. Viva a hipocrisia! Hipocrisia é vida!


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Coisas que deixamos/perdemos pelo caminho!

Foi difícil construir um título para o meu pensamento, porque quando dizemos que deixamos algo pelo caminho a responsabilidade é nossa, é como se tivéssemos abandonado algo, escolhemos deixar algo para traz e seguir em frente. E quando dizemos que perdemos algo pelo caminho, também somos os responsáveis, fizemos algo errado, não cuidamos o suficiente, não prestamos a atenção necessária para manter aquilo em nossas vidas.
E é justamente sobre isso que eu tenho pensado muito ultimamente, sobre o quão responsáveis somos pelas partidas que acontecem no nosso caminho, partida de pessoas vivas, que as vezes moram no seu bairro, estuda ou trabalha com você. Falo daqueles relacionamentos que imaginávamos ser para a vida inteira, e que por algum motivo sai dos trilhos, perde o ritmo, e quebra alguma coisa que parece ser ser impossível consertar.
É claro que sempre existem motivos para os distanciamentos, mas as vezes são coisas que poderiam ser resolvidas sem dramas se não fossemos tão orgulhosos, se não nos cansássemos tão rápido de tentar fazer as coisas melhorarem. Mas somos humanos, e na prática não é tão simples. Nos esforçamos o quanto podemos (é no que acreditamos), e se isso não for reconhecido desistimos, por que insistir se não há reciprocidade? Por que se importar tanto com pessoas que não querem ou não podem sentir o mesmo por você? Infelizmente somos assim, egoístas, inseguros, não lemos pensamentos e poucas vezes temos a paciência necessária para esperar que o outro se acalme e tente colaborar com a reconstrução do que poderia ser um relacionamento longo!
Um dias desses eu estava triste com isso, e a minha irmã disse algo que me deixou um pouco melhor. Disse que as pessoas saem da nossa vida porque têm que sair, que algumas só tinham a missão de nos ensinar algo e que apesar da tristeza, tudo passa, e encontraremos outras pessoas maravilhosas para marcar nossas vidas. Ainda assim as vezes me culpo, talvez pela dificuldade de aceitar que as coisas acabam, e me pergunto, será que eu fiz o suficiente?
Ps: lembrar de formatar esse texto pq no cel não faz isso e eu precisava escrever! Rs

segunda-feira, 30 de julho de 2012

"Marcha das vadias"


O nome “Marcha das vadias” é impactante, mas se for esse o objetivo é extremamente válido. Ainda mais se acompanhado pela frase que segue o movimento “Não é sobre sexo, é sobre preconceito”, preconceito que, sem dúvida, é a maior bandeira da ignorância.  As mulheres realmente têm de  alcançar a igualdade plena a qual não deveria nem ser batalhada mas inerente a elas pelo simples fato de serem cidadãs.
Essa luta por igualdade, no entanto, nos faz pensar por outro lado, a faceta animal que talvez seja a base fisiológica para o machismo, fomentado pelas próprias mulheres. Sim, seres humanos são animais e mulheres são seres humanos. Evolutivamente os seres de ambos os sexos tendem a escolher parceiros (as) que lhe proporcionarão a melhor prole, aquela que dará continuidade à espécie, logo, não é de se estranhar que as mulheres sintam-se atraídas por rapazes bonitos, fortes, protetores, viris, entre outros adjetivos. Mas, tudo na vida é feito de escolhas ( o clichê é válido aqui), ainda mais no mundo competitivo como o atual, de modo que para atingir o patamar de força exigido pelas mulheres  é necessário quase que abdicar de atividades intelectuais. QUE ABSURDO!!! Como ousa falar isso?Temos tantos exemplos de caras bonitões e inteligentíssimos, basta olhar alguns médicos por exemplo.
Seres humanos são animais, alguns animais são cavalos e alguns seres humanos são médicos. Cavalos! Fortes, bonitos, imponentes e perfeitamente adestrados. Alguns seres humanos são burros que à semelhança do pedrês não possuem a mesma badalação, muitas vezes são alvo de gozação mas possuem inteligência que salva vidas. Cavalo-burro não existe, assim como a associação simples e direta entre inteligência , cultura, moral e ética com diploma.
Desse modo, as mulheres buscam em seu meio os mais cavalos, mesmo que inconscientemente, mesmo que não admitam, o instinto fala mais alto. Fazem uma seleção natural da inteligência. As mais desavisadas devem se questionar: mas e os homens, são pobres coitados nessa história? Os seres do sexo masculino quanto animais optam por aquelas que seriam uma boa cuidadora da prole, que teriam condições de dar à luz e cuidar dos filhotes na infância. Mas a partir do momento que a sociedade evolui e o conceito de cidadania vem à tona, ambos os sexos são (ou deveriam ser) colocados em igualdade de direitos e deveres. A mulher sai pra caçar e o homem volta pra cuidar. Os dois juntos são responsáveis por tudo.Dessa maneira, o homem não escolhe mais a cuidadora mas sim aquela que será capaz de dividir as responsabilidades.
Cavalos escolhem éguas. Éguas fortes, bonitas, imponentes e perfeitamente adestradas. Seleção natural bilateral da inteligência humana.De uma sociedade primitiva em que mulheres ficavam em casa e os homens trabalhavam e proviam o sustento, as mulheres, pelo primitivismo inerente a nós como animais, ao buscar e lutar por igualdade de direitos escolheu os mesmos homens-cavalo de antes e estes, por serem homens-cavalo, escolheu mulheres-égua que acreditam ter alcançado algum direito mas são marionetes de uma sociedade machista formada e fomentada por elas e por isso a reivindicação por igualdade está fadada a não acabar.
As mulheres cultas e inteligentes em ascensão pela evolução da sociedade deveriam optar por homens de mesmo tipo, que não só dividirão as responsabilidades mas serão amigos o suficiente para buscar algo mais elevado. Essa deverá ser a luta das mulheres, uma “Marcha contra as vadias”, as vadias que as colocam sempre na necessidade de lutar por igualdade.

domingo, 8 de julho de 2012

Prisioneri


Quanto de nós há em nós mesmos?
Já é sabido que nossa personalidade é formada a partir de diversos estímulos, desde genéticos até pelas situações vivenciadas. Porém, muitas vezes esses estímulos não parecem convergir, ao invés, parecem ser protagonistas de um sarcástico conflito.

Existe um leque de situações socialmente aceitas, mas há algumas mais exaltadas que outras, principalmente se assim forem feitas por pessoas importantes em nossas vidas. Dessa maneira a opinião dos pais, por exemplo, sobre as condutas ou sobre as escolhas que devem ser tomadas por um indivíduo podem ser determinantes, mesmo que inconscientemente, para aquilo que esse indivíduo entende como “eu”. Contudo, não necessariamente, esses estímulos externos à formação da personalidade vão de encontro ao impulso individual frente às situações encontradas no percurso da vida. O grande problema é que a percepção desse impulso pode se dar em um momento diferente da ação dos estímulos externos.

A percepção do indivíduo sobre seu “eu” ocorre quando este adquire um grau de liberdade tal que lhe confere a oportunidade de analisar o mundo pela sua própria ótica. Até então, age como verdadeira marionete das convenções sociais impostas, direta ou indiretamente, as quais têm influência direta sobre suas escolhas. Quando percebe, então, que seu impulso individual diverge do que foi escolhido para si torna-se prisioneiro de um conflito cruel, a necessidade de encaixar um “eu” num mundo preparado de “vocês”, dando à luz à agonia da insatisfação.

Insatisfação esta companheira da humanidade e inerente à vida. Se desejamos seguir outro caminho que não aquele tido como correto seremos tidos como estranhos, mas se vamos de encontro ao que foi esperado de nós e descobrimos que diverge de nossa vocação perderemos nossa identidade. Além disso, se tudo convergir, a vida perde o sentido, pois não haverá a satisfação momentânea pós-insatisfação e o depois perderá o motivo de existir numa vida centrada no agora.
Pela manutenção da vida a humanidade segue insatisfeita e segue produzindo doutores que queriam ser músicos e músicos que queriam ser doutores. A sociedade exige exatamente o contrário do que a felicidade.  Seguimos sendo e querendo ser o que não somos.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

O que te torna egoísta?




“Você acredita que o medo pode deixar as pessoas mais egoístas?” – Carmem, personagem de Leandra Leal no filme Estamos juntos.

medo é uma sensação que proporciona um estado de alerta demonstrado pelo receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaçado, tanto fisicamente como psicologicamente.

Egoísmo ( ego+ ísmo) é o hábito ou a atitude de uma pessoa colocar seus interesses, opi
niões, desejos, necessidades em primeiro lugar, em detrimento (ou não) do ambiente e das demais pessoas com que se relaciona.

Assisti a um filme interessante, Estamos Juntos, com a Leandra Leal, o filme fala sobre uma jovem médica residente de cirurgia que mora sozinha em São paulo, e tem poucos amigos, além de uma relação um tanto quanto distante destes. Ela acredita que tem uma vida estável e é, até certo ponto, equilibrada emocionalmente, até descobrir que está com um tumor no cérebro. Isso passa a atrapalhar sua vida profissional e ela é afastada do hospital onde trabalha. 
Não vou falar do enredo inteiro do filme, mas o recomendo. O que me chamou atenção nessa frase do início do texto , sobre egoísmo, foi que eu não tinha associado o isolamento da personagem com egoísmo. Eu considerei dificuldade de relacionamento, falta de tempo por causa da profissão, entre outras coisas mas não pensei que o egoísmo está por trás disso, e muito menos que o medo nos torna pessoas mais egoístas. 
Medo de que? Medo de ser comparado,criticado ou não ser aceito. Medo de se expressar e não ser compreendido, ou pior, de parecer tolo e ser feito de idiota. Medo de apostar nossas fichas numa relação, correndo o risco de se apegar a  alguém que vive muito bem sem nossa presença. Medo de mostrar nossos objetivos e planos e depois não conseguir alcançá-los, ilustrando o fracasso que muitos nos desejariam.
Podemos caracterizar como egoísmo a decisão de se manter distante, sem o risco de ser criticado, julgado ou magoado, sem promessas e sem  frustrações? 
Como dizia Schopenhauer querer é essencialmente sofrer, e ter medo de sofrer, ou cansar-se de passar repetidas vezes por situações que vão degradando nossa fé nas pessoas pode nos fazer agir dessa forma sim. Não por maldade, não com a intenção de ser superior aos outros ou fazê-los sofrer, mas como um mecanismo de defesa. Em alguns casos a confirmação da morte de nossa fé nos outros, em outros uma última tentativa de salvar nossa alma da perda total da esperança. 
Abençoados sejam aqueles que têm fé nos outros e na vida, que acreditam no romantismo e não se fecharam para o mundo após as decepções. Gosto de acreditar que esse desejo de isolamento seja passageiro, que esse egoísmo seja uma das fases da maturidade, que depois de um tempo passamos a ser mais seletivos e não nos surpreendemos mais tão negativamente com as coisas, porque sabemos onde pisamos. E se for pra ter alguma surpresa, será por algo bom, que é bem mais raro. 
          Lembrando que eu estou falando de uma faceta específica do assunto. E que o egoísmo é um defeito, existindo pessoas que são egoístas de nascença, e não têm um bom caráter, passando por cima dos outros descaradamente, sem culpas. Também gostaria de entrar na parte boa do filme, quando ele mostra nossa necessidade de contato com os outros e o bem que isso pode nos fazer, entretanto, medo e egoísmo já são assuntos complexos o bastante por hoje, quem sabe em um momento mais otimista eu fale do outro lado da moeda. 

terça-feira, 12 de junho de 2012

Feliz dia dos namorados!



Para alguns um dia comercial, para outros uma data especial, de comemoração, de celebração do amor. Fato é que em várias partes do mundo pessoas comemoram das mais diversas formas o dia de hoje. Cadeados se fecham, desejos são feitos, cartões são escritos, palavras são ditas e, amanhã, relacionamentos são terminados. É bem verdade que o dia 13 de junho não é tão propício para o fim de namoros, mas tomemos o “amanhã” como qualquer outro dia 13. Amanhã, tudo o que foi sufocado pelo egoísmo hipócrita, imperativo em muitas relações , aflorará e os cadeados se abrirão, os planos se quebrarão, os cartões virarão palavras e as palavras simples cartões.

Hoje deveria ser uma data de reflexão. Um momento para que nada do que fosse dito ou feito corresse o risco de se tornar uma simples lembrança. As pessoas se acostumaram a viver o momento intensamente, verdadeiramente, aquele segundo, sem se preocupar com o que aquilo representará, como se fosse idôneo lançar um “eu te amo” e amanhã dizer “eu te amei”, uma leitura inteligente de Vinicius mas, talvez, maldosa com o próximo. Isso porque, se existe alguém que acredita no amor como algo imutável, uma flor que brota em um único coração pra jamais morrer, esse alguém está fadado ao sofrimento.

A sociedade elegeu o amor mutável como definição para esse sentimento. Basta observar para quantas pessoas diferentes já desfilamos nosso amor e o quão deve ser considerado normal o nosso amor, num dia 13, desfilar em mão alheias. E mais, o quão humanos nos sentimos ao ver nossas lágrimas enxugadas por outras mãos, numa remissão insana da ferida outrora aberta em nossa alma. O amor verdadeiro, atualmente, é aquele que satisfaz a necessidade até a necessidade de um novo amor.

Sejamos sinceros uns com os outros!Falemos quando não gostarmos mais, afinal, o que importa é encontrar alguem que nos faça feliz e não abrir mão do que for necessário pra fazermos parte de um casal feliz. A vida a dois há tempos não é mais valorizada, o casamento é uma instituição falida. A surpresa é encontrar cada vez mais cedo a derrocada dos relacionamentos. Hoje não existem casais, existem duplas. Duas linhas paralelas num egoísmo infinito e natural, um mecanismo de defesa, o que nos leva a crer que todas as demonstrações de carinho são, na verdade, demonstrações de amor próprio e é justamente quando esse amor próprio é ferido que os relacionamentos acabam. Acabam! E tudo o que foi vivido torna-se memória normal.

O amor é normal e o egoísmo é saída para o sofrimento. “Que seja eterno enquanto dure”.Feliz dia dos namorados! Expressão maior do Romantismo no mundo moderno.